sábado, 10 de novembro de 2012

Militares marcharam em silêncio contra “ameaça à pátria”

Cerca de dez mil pessoas saíram às ruas de Lisboa, este sábado, contra a “descaracterização da condição militar” e a aprovação do Orçamento do Estado para 2013. A Associação de Oficiais das Forças Armadas, a Associação Nacional de Sargentos e a Associação de Praças uniram-se para mostrar ao Governo que “Portugal é um país independente”.


A Praça do Município, local onde foi implantada a República, foi o ponto de encontro dos cerca de dez mil militares, segundo a organização, que seguiram até aos Restauradores em silêncio absoluto. A chegada aos Restauradores foi acompanhada pelo Grândola Vila Morena, um momento que emocionou muitos dos presentes.

Manuel Cracel, presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), iniciou o discurso com um desabafo: “Nunca pensei que o país chegasse ao estado a que chegou.” Para o coronel, a soberania nacional “está posta em causa”, uma vez que “está em risco a Constituição”.

O presidente da Associação de Praças (AP), Luís Reis, direccionou o discurso para o ministro da Defesa, Aguiar Branco: “Senhor ministro, tem a certeza que quer falar sobre a vocação dos militares? Se quer discutir esse assunto provavelmente amanhã os portugueses não têm governo.” O líder da AP sublinhou que “ser militar não é um emprego como os outros” e, por isso, acrescenta que não podem “permitir ao sabor de qualquer troika que sejam retirados direitos da Constituição”.

Por sua vez, António Lima Coelho, da Associação Nacional de Sargentos (ANS) deixou um apelo ao governo: “Tenham coragem de nos enfrentar em sede própria e de ouvir o contraditório.” Quanto à visita de Angela Merkel a Portugal, na próxima segunda-feira, Coelho assegurou que a chanceler alemã “não é bem-vinda” e classificou de “ingrata” a missão dos militares que vão garantir a segurança da visitante.

Os líderes não pouparam nas críticas a Cavaco Silva e mostraram-se ofendidos com o episódio de içar a bandeira portuguesa ao contrário, no 5 de Outubro. No final, em uníssono, os militares cantaram o hino nacional e, em unanimidade, aprovaram uma resolução que, entre outros, prevê a entrega de ofícios contra a aprovação do Orçamento do Estado para 2013 ao provedor de Justiça e ao Tribunal Constitucional, a 27 de Novembro. 
 

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